Não leia se o seu fotoclube possui muitos jovens associados...
Os fotoclubes são e sempre foram espaços vibrantes de aprendizado e troca entre fotógrafos. Durante anos, reúnem apaixonados por imagens que buscam aprimorar técnicas, compartilhar descobertas e construir um olhar mais apurado.
Mas os tempos mudaram, e esses grupos agora enfrentam uma questão urgente: como continuar relevantes para as novas gerações? Se não se reinventarem, correm o risco de se tornarem apenas uma lembrança na história da fotografia.

Os fotoclubes ainda atraem os jovens?
Nunca se fotografou tanto como hoje. Com um celular sempre à mão, todo mundo registra o cotidiano, compartilha momentos e descobre novas possibilidades visuais. Mas será que isso significa que os jovens ainda enxergam os fotoclubes como espaços interessantes? Para muitos, esses grupos parecem desconectados do ritmo atual, com um modelo tradicional que nem sempre conversa com suas formas de aprendizado.
Isso não quer dizer que falte interesse pela fotografia – pelo contrário. O que mudou foi a maneira como os jovens aprendem. Em vez de se prenderem a encontros fixos e regras rígidas, preferem explorar tutoriais no YouTube, trocar ideias em fóruns online e experimentar na prática. Se os fotoclubes quiserem continuar sendo pontos de encontro relevantes, precisam abrir novas portas e falar a linguagem dessa geração.
A transformação digital e seu impacto na Fotografia
A fotografia sempre evoluiu junto com a tecnologia. Houve um tempo em que aprender a fotografar exigia paciência: horas revelando filmes no laboratório, ajustando detalhes técnicos e testando configurações. Hoje, o processo é completamente diferente. A edição acontece na tela do celular, a inspiração vem das redes sociais e qualquer dúvida pode ser resolvida com um vídeo de poucos minutos. Isso não significa que os fotoclubes tenham perdido seu valor. Eles ainda oferecem algo essencial que a internet não substitui: a convivência real, a troca de experiências cara a cara, o aprendizado que vai além do tutorial e se fortalece na prática coletiva. Mas para que isso continue fazendo sentido, esses grupos precisam se adaptar. Criar eventos híbridos, explorar desafios fotográficos interativos e aproximar suas atividades do universo digital pode ser um caminho para reconquistar o interesse dos jovens.


Como Os Fotoclubes Podem Se Renovar?
A boa notícia é que algumas iniciativas já estão dando certo. O Coletivo de Fotógrafos de Itanhaém (COFIT), por exemplo, em 2024 fez uma ação com 90 jovens da rede municipal de ensino com oficinas sobre o Convento da cidade, explorando seu patrimônio histórico como tema; recentemente, lançou o 1º Salão Nacional de Arte Fotográfica de Itanhaém, abrindo uma categoria específica para fotografias da cidade com espaço para jovens talentos. Outros fotoclubes filiados à Confoto têm investido em formatos mais dinâmicos, como desafios fotográficos online, encontros temáticos e workshops práticos ao ar livre.
Ainda há muito a ser feito. Os jovens não deixaram de se interessar pela fotografia, mas querem experiências diferentes. Será que apenas manter a tradição basta para despertar esse interesse? Talvez a resposta esteja na combinação entre o que os fotoclubes já fazem bem e novas abordagens que conversem com essa geração.
E o seu fotoclube?
- Está realmente se abrindo para novos formatos?
- As iniciativas atuais estão conectadas com o que os jovens buscam?
- Que mudanças podem tornar esses espaços mais envolventes e acessíveis?
A fotografia segue sendo uma das formas mais poderosas de expressão. O que mudou foi o caminho para explorá-la. Os fotoclubes que entenderem essa transformação e souberem dialogar com a nova geração terão mais chances de continuar vivos e inspirando novos fotógrafos.

Fotógrafo e agente cultural.
Presidente do COFIT, diretor de eventos da Fototech e membro do conselho fiscal da Confoto. Atua com foco na preservação da memória cultural e no fortalecimento do fotoclubismo no Brasil, valorizando a fotografia como ferramenta de pertencimento.